31 de maio de 2005

Garganta

Sorvo o suco
Que entre os meandros de um quase rio
Escorre entre tuas coxas
Derramadas sobre meus ombros
Sorvo
Até que um grito
-quase gemido
Saia de tua garganta
E ilumine o mundo

8 de maio de 2005

O Grito

Mentirosos os que dizem
Que cabelos e unhas não dóem
Não há o que não doa em mim!
A alma, agarrada a minhas pernas
Os olhos cravados no chão
O cheiro azedo das flores
O gris das paisagens internas
A música das betoneiras...

Ao menos poderia sobrar um grito...

Enjeito

Que meu pulso chore
As lágrimas vermelhas do enjeito
Que vomite a morte desse sonho tísico
Que gritem, minhas veias
A podridão de teu nome
Pela última vez

Que meu pulso chore
As lembranças que ainda resistem

Morte

Queria não ser o miserável
Que vomita certeas no meio-fio
Queria não ser o sorriso da morte
Refletido nos espelhos do mundo
Queria não ser um grito
Feito de carne e soluços
Queria não preferir a morte