29 de março de 2005

Aos que me erguem

Os que me erguem quando caio
Os que secam meus olhos quando choro
São apenas escravos de um devir
Que me exige vivo
Para que apodreça

Bênção

Não quero a bênção estúpida dos tolos
Nem a condescendência dos hipócritas
Com seus atos meticulosamente medidos

Não quero o beijo frio dos sacro-santos
Nem o sexo vazio das prostitutas
Ou o perdão dos fracos

Quero apenas, por tudo o que sinto
O beijo úmido e entregue
Da morte


Tu

Tu és inesgotável coleção de desejos e medos
De armadilhas, fascínios... renascimento e morte
Segredos, fantasias, dados lançados à sorte
Criança autofágica e seus brinquedos

Tu és a liberdade reprimida em teu seio
Senhora das tramas, teias, enredos
Quem faz dos sonhos pesadelos azedos
E a cada ousadia sucumbe ao freio

Por desejos outrens guias tua vida
É o medo das sentenças que te rege a atitude
E o quanto tal covardia torna tua vida rude!

quiçá haja força outra que te mude
Que te faça ver nas loucuras tua saída
Reconhecendo à liberdade valor essencial à vida